quinta-feira, 20 de setembro de 2007

O estágio 2: a Missão.

Olá pessoal. Tenho novidades que não são fresquinhas mas vocês não sabem.

Por esses dias não estou mais na Komune. Estou trampando por quatro semanas na DHI, Denmark Hidraulic Institute (http://www.dhigroup.com/). Segundo o pessoal aqui eles são os líderes em termos de softwares aplicados à recursos hídricos em geral. Realmente o portfólio dos caras é extenso.

Mas antes de falar o que eu estou fazendo, vou falar como cheguei lá. Na descrição do meu trabalho, antes de eu chegar aqui, estava escrito que eu teria oportunidades teórica e prática de trabalhar com o modelo dinâmico MIKE11. E quando tive aquela primeira reunião que eu falei alguns posts atrás, eu comentei que uma das coisas que havia me atraído para esta vaga era justamente esse tal de MIKE11. Então o camarada Ole, que já sabia que eu tava na mamata, deu uns telefonemas e me arranjou a oportunidade de estar nesta consultoria por uma semana, porque segundo ele: "foram eles que desenvolveram o modelo, você vai estar no coração do tema e etc, etc, etc...". Fui lá três semanas atrás, fiz um trabalinho sujo (mais pra frente eu conto) os caras acharam que eu podia ficar com um projeto ("eu vou te manter ocupado, fique tranquilo", foi o que o Niels me falou) e deu que eu vou ficar até o final da semana que vem.

Mas vou dizer: vi a viola em caco!! Deu até uma vontade de chorar. Cheguei lá, e esse tal de Niels me recebeu e foi bem direto: já saiu falando que teria um trabalho prático pra mim. Jogou umas planilhas na minha mão, e falou para eu plotar os pontos (753 secções transversais) do Rio Aarhus no modelo. E que eu lesse no manual que tava tudo lá. E falou nesse inglês técnico que até então eu não tinha escutado. Ou seja, o cara saiu da sala e eu praticamente não sabia o que tinha que fazer.

Dei uma desesperada básica, pensei na mãe, tomei um copo dágua, esfriei um pouco a cabeça, baixei um Google Earth a 2,4Mega por segundo, começei a procurar as coordenadas e pensei "f***-** o programa, depois eu resolvo isso". Para o meu deleite, fiquei sabendo que era exatamente isso que eu teria que fazer. Essa Lisbeth, uma dessas cabeção que tem lá, falou que tava ótimo e tal. Mal sabia eu que esse "trabalinho sujo" era a parte fácil.

Depois da primeira semana eu entrei no esquema dos caras (como visitante, lógico). Estou fazendo a modelagem do Rio Aarhus. Modelagem consiste em pegar todas as características do rio de verdade, jogar no programa, que é o tal do MIKE11, ele faz todas as contas pra você e te retorna um rio idêntico no computador. Então você pode usar esse modelo para prever inundações, analisar determinados pontos de interesse, calcular aeração, oxigenação, transporte de sedimentos, desnitrificação e um monte de outras coisas. Você realmente vê o rio no computador. O pessoal da Komune que está mais próximo do meu departamento tem interesse especial em prever como será o rio daqui a 15 anos se uma passagem de fauna (fauna passage, fish ladder) for construída assim ou assado. Mas a minha função é fazer a modelagem somente das características hidrodinâmicas do porto até uns 10000m a montante.

Isso é a modelagem na teoria. Na prática, eu tenho que pegar aquelas coordenadas que falei e plotar no programa, depois eu faço uma ligação entre elas e tenho um rio. Mas uma linha não é um rio para o computador. Eu tenho que colocar sobre essa linha aquelas seções transversais que foram medidas no rio de verdade, para que o programa possa calcular como será o escoamento do rio sobre essa linha passando por essas seções. Até aqui, o Niels só falava "tá no manual". E realmente, não foi difícil. Depois é que o bicho começou a pegar. Porque o programa tenta simular uma situação real e tem um milhão de fatores hidrodinâmicos que interferem no fato da gota dágua ir pra cá ou pra lá. E se esses fatores estão em desordem, o rio nunca vai escoar na telinha. Então, basicamente eu tenho passado essas duas últimas semanas colocando no programa as sugestões que ele me passava. Do tipo eliminar seções que estão muito próximas, modelar pontes, diminuir o número de Manning M (que é o inverso do tal de número de Manning N) e outras coisas. E hoje pela primeira vez eu vi o rio correr na minha frente. Muito legal mesmo, cara. Pena que ainda não corre igual ao rio real. O meu está com um diferença de alguns centimentros no nível da água medida na vida real. Espero terminar até amanhã. Por que os caras vão querer um relatório falando porque eu usei o programa deles por um mês e tal, e tenho até a semana que vem para terminar tudo.
E esqueci de dizer. Um desses dias fui com um outro Niels colocar pra funcionar um ADCP. É aquele aparelinho que Pruski falou pra gente em hidrologia, que mede vazao usando o efeito doppler. PArece grande coisa mas é só um barquinho. E no mesmo dia visitamos uma estacao de tratamento de esgoto daqui da cidade. Lodo ativado. Diboa.

Eu queria postar umas fotos também deste escritório, mas assinei esse contrato declarando que eu não ia levar uma cópia do programa pra casa e também não ia tirar fotos do estabelecimento e coisa parecida. Huahauhauh. Mas é mera formalidade. O pessoal lá também é muito gente boa. Apesar de que ninguém fez nenhuma pergunta sobre Lula ou as queimadas na "rainforest".
Detalhe: é comum parar de trabalhar e tomar uma "cervejinha" de vez em quando, lá pras duas da tarde, uhauahuha. Nesses pouco mais de quinze dias que eu tive lá já aconteceu duas vezes!!! Diboa. Vi uns caras tomando uma também durante a refeição na Komune, mas nem dei bola. Porém é verdade: se você quizer tomar uma aqui durante o serviço ninguém te chama de pinguço.
Esse é o tal do ADCP.
O Niels (esse é outro Niels, esse nome também é muito comum aqui) tá colocando o brinquedinho na água.
Esse é o Århus Å (rio Aarhus), o qual eu estou modelando.
Lodao ativado dos caras aqui.
Igual.
O pessoal do Parque da Ciencia, onde a DHI está localizada, num happy hour. Nao sei os nomes deles, mas sei que eles mexem com DNA.
Fotinhos da cidade de Aarhus. Ou Århus.
Mais
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Mais. Aqui vemos à esquerda o Musikhuset. Um complexo dedicado a eventos artísticos e coisa parecida.


Aqui que eu pego o onibus, todo dia.


Mais Århus.


Mais.


Esse sou eu vestido de Van Helsing.

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Como têm sido os finais-de-semana por aqui...

No primeiro fds após início do meu estágio, ocorreu na cidade Alborgh um encontro organizado pela IAESTE (para quem não sabe, IAESTE é o nome do programa de intercâmbio entre estagiários do qual eu faço parte). De estagiários mesmo éramos apenas sete: um EUA, um inglês, um Tcheco, uma polonesa, um russo, uma alemã e eu. Fora isso tinha bastante gente da IAESTE Dinamarca. Sexta-feira, todo mundo chegando de viagem cansado, apenas tomamos umas cervejas, jantamos um macarrão normal e jogamos um bilhar.

Sábado, a gente tomou café e saímos para vasculhar a parte norte da Dina. Passamos por cidades onde eles fazem artezanato em vidro, igual aqueles caras de Poços de Caldas e um monte de outros lugares no Brasil, por umas igrejas soterradas na areia, lanchamos numa praia, onde presenciei uma cena ridícula, devidamente documentada, e no final visitamos um lugar realmente legal, o ponto mais ao norte da Dina, onde os mares do norte se encontram. E ainda de quebra tinham muralhas de Bunkers, pois era um lugar de grande importância estratégica nas intermináveis guerras que esse pessoal europeu passou. O pessoal era meio parado, fiquei a maior parte do tempo fazendo piadinhas com eles, que não entendiam muita coisa. O pessoal é sem malícia.

De noite foi legal. Jantamos uns filés de porco muito bons (porém em quantidade não suficiente), começamos um esquenta e fomos pruma tal de Jormfu Ane Gade, que até então eu não sabia, era uma rua de baladas. Mas louco o lugar. São vários barzinhos um do lado do outro, com umas danceterias em cima, e a rua fica cheia de gente andando pra lá e pra cá. E sem taxas pra entrar. Cansou de um, vai pro outro. E como pra tomar uma cerveja lá seria muito caro, saquei minha Pirassununga 51, apresentei como sendo um bebida genuinamente brasileira, misturamos com uma coca ali mesmo, e não é que o pessoal gostou? Principalmente o russo e o EUA. Depois que bebe, o pessoal é realmente amável, e foi muito engraçado ver o os caras aqui dançando quando o DJ colocou aquela música do Carrapicho: "bate forte o tambor, eu quero é tique-tique-taque". E quando eu parei de rir, o russo ainda falou que fizeram uma versão dessa música na língua deles e toca direto nas paradas soviéticas. Mole? Domingo andamos pela cidade e ganhei uma carona de volta pra Aarhus. Foi um fds diboa.

No outro, fds fui pra Horsens, outra cidade aqui perto, onde estava sendo realizado o Festival Medieval. É uma festa onde o pessoal da cidade se veste de bárbaro, príncipe, cigano e mendigo-com-peste-negra, então apagam as luzes, acendem tochas, e há comidas e shows de teatro e musica. É legal pra ir uma vez e ver como é.

De noite que foi engraçado. Teve uma festa aqui no alojamento, durante todo o sábado, para o pessoal se conhecer e dar boas-vindas aos novos moradores. De noite eu e o Bruno, um mineiro que conheci aqui, fomos à festa armados com mais Pinga. E mais uma vez alguém sentiu seu poder. Conhecemos uns Lituanos, 30 homens e 30 mulheres, tudo na faixa dos 18 e 19 anos, tinham acabado de chegar pra fazer um curso técnico ou algo parecido. Em suma, calouros de tudo. Já saímos oferecendo, e num primeiro mommento o pessoal ficou ressabiado: "que será que esses brasileiros tão querendo", mas depois um foi experimentando, outro também, e no final tava todo mundo achando que era água. E acabou que secou mesmo. Teve um cara em particular, que no dia seguinte eu o encontrei e ele gritou: "CACHACA!!!". Ficou realmente marcado, tava lá ele tomando leite e comendo um bolinho diboa no cantinho, uhauhauha.

No domingo, fiz companhia ao Bruno e um amigo, pois ele estava mudando de uma cidade aqui perto chamada Silkeborg para Aarhus. Conheci a cidade. É bem bonita. Mas era domingo e as ruas estavam desertas, exceto por um a feirinha de carros antigos. Bem fraquinha por sinal.

E nesse último fds começou o Aarhus Festival. Vai durar até esse domingo, e tem vários shows e atrações culturais ocorrendo pela cidade. Mas como tem chovido muito, parece que o ibope está sendo ruim comparado com o de costume. Eu mesmo fui lá somente na sexta à noite e sábado de dia. Mas foi divertido de qualquer maneira.

Fora isso, as baladas-extra-dormitórios têm sido poucas. Só um dia fui de tarde ao centro pra tomar uma breja com uns brazucas que encontrei por aqui. Na realidade nos conhecemos pela internet, claro. O Bruno eu já conhecia, pois temos uma amiga em comum e ela nos colocou em contato. O Henrique, foi pelo couchsurfing e o Luis encontrou o Bruno na facú. Ainda não saímos juntos pra esbanjar brasileiragem por aí. Mas quando ocorrer eu conto.

Beijo pra todo mundo e fiquem alertas, qualquer dia desses tem mais.


Dinamarques bizarro e o encontro dos mares.



Skagen, onde os mars se encontram.




Americano e o Tcheko nesse maiozinho bizzarro inventaram de entrar no mar. Tsc, tsc, tsc...





Galera´da IAESTE DK na praia de Frederikshavn.






Um ingles bizarro e os brazucas, Bruno, Henrique e eu mesmo (com cerveja ecológica na mao)








Desfile medieval em Horsens.








Eu enforcado.







Banheiro público em Horsens.
Sumo inflável no dia de festa do alojas (Skoldhøj Kollegiet).

Ortodoxa, do Chipre, que mora comigo, e Bruno, camarada brasileiro no dia da festa do alojas.


Alguns dos 12 que moram que comigo. Higushi (japao), Ljljiaana (Croacia), Ortodoxa (Chipre), Evelyn (Noruega) e Jakob (Dina), no Aarhus Festival.

Show da banda Monobloco no Aarhus FEstival, agorinha mesmo (07/09/2007, as 22horas). A brasileirada tava em peso.