segunda-feira, 27 de agosto de 2007

O estágio

Hoje estou começando minha terceira semana no estágio, então já dá pra contar alguma coisa sobre o que eu tenho feito aqui.

Estou trabalhando na Aarhus Komune (municipalidade de Aarhus), no departamento Natur og Miljø (natureza e meio ambiente). Vou comentar mais detalhadamente sobre isso depois, mas seria o órgão de administracao pública reponsável pelos assuntos de meio ambiente, numa esfera regional aqui da Dinamarca.

No primeiro dia, 13/08, a Juliana estava aqui e me acompanhou. Fui muito bem recebido pelo engenheiro Ole e pelo chefe geólogo Morgens. Fizemos uma breve reunião. Me explicaram onde exatamente eu estou inserido dentro do servico público dinamarquês, que seria a Natur og Miljø, e como funciona o “departamento”. Em outra ocaisão vou postar sobre isso também. É bem diferente do Brasil, e consideravelmente interessante. Perguntaram também sobre meus interesses e minhas habilidades. Ambos muito atenciosos, anotavam tudo que eu falava. Apesar do Morgens ser o chefe, era mais o Ole que ia ter que se ver comigo, então era ele quem tomava as decisões ali. O cara deu uma rodeada e me informou de uma maneira bem elegante que apesar de eu ser esperado, não tinham preparado nada para mim, e agora, que tinham me conhecido e anotado as minhas expectativas, iam arrumar algo. Me mandaram passar o resto do dia com a namorada e a terça-feira também, e que eu voltasse na quarta às 9h para começar de verdade. E ainda me disse “and Thales, don´t be so sharp, it´s around 9h” (não me aparece aqui nove em ponto que ce vai sobrar). Foi nessa que vi tudo., huauahuah.

Quarta as nove, eu lá na porta, nem Morgens, nem Ole. Eis que vem uma boa alma que eu tinha conhecido no primeiro dia e me pergunta se eu quero café. Nem estou acostumado, mas resolvo aceitar e o cara me traz uma caneca com 350ml de café. Sem acúcar. Hhuahua, mifus. Bom, foi o tempo do Ole chegar e já me jogar na mão do técnico, que é o Lars. “Voce vai acompanhar o Lars hoje”. Realmente, foi bem legal, saímos pra verificar algumas reclamações que um fazendeiro fez, a respeito do acúmulo de areia na propriedade dele, resultante da época de cheia. Aproveitou e verificou a qualidade da água do riozinho (num chega a 2m3 por segundo e é um dos maiores que eles tem). Aqui a verificação é in situ e só na base do bioindicador. Ele levantava as pedras e procurava no solo uns invertebrados e falava pra mim “esse aqui é bom, esse é ruim” e etc. e no final ele concluiu que a água estava muito boa. Eu perguntei se eles não faziam análises químicas e ele disse que quase nunca. Imagina se eu não gostei disso. Bom, chegando de volta a Komune, tacaram uns livros em Inglês na minha mão, sobre restauração de rios e wetlands, e me mandaram estudar o site da Aarhus Komune, pra saber mais o que eles faziam.

No dia seguinte, saímos de novo e fomos verificar uma outra reclamação de outro camarada, que falou que a casa dele tava encharcando, por causa do nível do lençol, que andava subindo. Também visitamos algumas “fauna bypass”, que são as escadas de peixes, para que eles possam possam subir o rio na piracema nórdica. Apesar de funcionar muito bem, segundo eles, pelo que eu vi e lembro do Professor Renato Feio falando, essa técnica nunca vai dar certo no Brasil. Aqui eles só tem dois peixes, Salmão e Seatrout, e mesmo assim penaram anos pra aprender como se faz. Para a nossa situação, o processo é muito mais delicado. E o legal é que o Lars falou que viu uma escada dessas na Noruega completamente errada: "eles são bem amadores". Huhauha, escutei e fiquei quieto, fazer o quê?

Na sexta-feira, saí com a Suzanne e com a Marianne. Não descobri a formação destas senhoras, mas trabalham com planejamento urbano. Descobri que para a nossa Komune apesar de ele ter sido bem feito, já foi desrespeitado. Verificamos uma área onde deveria haver casas e árvores, porém só havia casas e casas. Depois fomos checar as complicações de um requerimento para se construir um prédio com 5 andares numa area em que o máximo permitido é 3, outra visita foi a outros dois terrenos onde um pessoal gostaria de plantar árvores. Em outra oportunidade explico como funciona a burocracia aqui, porque elas (representando a Komune) não podem tomar a decisão. Mas no relatório, elas iriam emitir parecer favorável a construção do prédio e desfavorável a plantação de árvores. Isso porque o que teria o maior peso na decisão era a paisagem. O visú. E no caso dos prédios, a localidade não tinha paisagem nenhuma a ser olhada, já na área das árvores, seria prejudicada a vista. Pelo menos para mim, é uma nova maneira de se olhar a problemática ambiental, porém menos importante que outras. Mas conforme a Suzane, que morou doze anos em Moçambique e arranha um português, tentou se explicar, "quando se tem um país tão pequeno como a Dinamarca, não se mede esforços para preservar qualquer sensação de bem-estar que a natureza possa provocar". O que ficou comprovado pra mim quando me mostraram o tal do correguinho que falei. Só que pior, numa área onde ele tinha menos água que da outra vez. Mas agora ele tava todo embonecadinho com pedras e flores ao redor. A Mariane falou "é lindo". A Suzane logo percebeu que eu queria rir, pelo fato de eu morar no Brasil, e ela até me deu razão.

E acabou-se a primeira semana, com nada de trabalho e algumas observações. Na segunda aconteeceu um negócio realmente bizarro. Fui pra campo com Nickols e Loren, engenheiros florestais. Eles iam verificar uma extração de água. O pessoal queria a licença permanente para tirar a água. É função da Komune verificar a papelada. Em suma, era nada mais que uma área cultivada com um bombeamento de água subterrânea. Tava o engenheiro consultor da propriedade, o engenheiro responsável pelo bombeamento e nós três. Como a discussão era em dinamarquês, eu fiquei por ali, tirando fotos e observando, quando começa a chover. O cara tava com uma van, então ele levantou a porta de trás e foram os quatro pra debaixo dela, eu calmamente tirei meu guarda-chuva e fiquei por ali. Hhahahaha, o estagiário brasileiro era o único preparado. A chuva tava bem forte e todo mundo se molhando bem mais que eu. Eis que eu sinto um choque no corpo todo, sai uns raios da minha mão e a gente escuta um "KABRUUUM". Na hora eu nem sabia o que tinha acontecido, meu coração começou a bater mais rápido e todo mundo olhando pra mim com terror nos olhos. Eles disseram que um raio caiu em mim e eu fiquei todo envolto em raio amarelo. Todo mundo me pegou e perguntou se eu tava bem, que era para eu estar morto e tal. Mas eu não tava sentindo nada. Acho que foi mais o susto. Tomei um raio na cabeça, meu!!!! Eu sou foda!!!!

Na terça eu fui pra campo com o Sorn e com a Loraine, engenheiros florestais. Foi legal também. O pessoal da Komune certificou umas florestas públicas com selos verdes, o FSC e o PEFC. E tinha um pessoal da iniciativa privada que também queria entrar nessa. Então a Komune organizou esse evento, onde ela entrou com a experiência, consultores especializados com a parte técnica e os interessados com as perguntas. Eu, novamente com as fotos. Ambos os eventos seriam infinitamente mais interessantes para mim se eu entendesse a língua. Mas fazer o que? E nada de raios nesse dia.

No dia seguinte, o Lars me pegou em casa e fomos fazer compras pra mim ás custas da Komune. Ganhei um par de galochas nórdicas, capa-de-chuva e calça-de-chuva nórdicas, uma blusa muito nórdica, meias nórdicas e uma calça normal. Pra me entreter, já que eu não tenho nada pra fazer, eles ficam me dando presentes, heheheh. Safados. Mas é tudo de qualidade muito boa.

Quinta-feira eu fui pescar com o Lars. Fui o único que peguei peixe. Hornskfisk. Tipo um peixe espada. A gente vai comer ele aqui em casa pra ver se é bom e depois eu conto. Mas foi interessante porque eu nunca tinha pescado desse jeito. Você veste tipo um macacão impermeável e vai andando pra dentro da costa, joga a isca, artificial, lá longe, e puxa na sequência. Até pegar. Teve churrasco de salchicha com cerveja quente em churrasqueira descartável. Foi muito legal, de qualquer maneira. Quando que eu ia pensar que eu não ia fazer nada o dia inteiro no serviço e sair mais cedo pra pescar, uhauhuahu.

A sexta passada, 24/08 também foi legal. A cidade de Aarhus tem um dos maiores portos do Mar Nórdico. Parece que o de Rotterdam é o maior. E o pessoal aqui fez esse plano para incorporar o porto à urbanização e a cidade, já que eles vão também aumentar a capacidade do porto e o negócio vai ficar monstro. Então o pessoal da Natur og Miljo participou desse evento com palestras, visitas, coffebreaks, apresentações em datashow e jantares de confraternização para apresentar o projeto pra gente. Vai ficar louca essa cidade depois de implantado. Pena que vai demorar uns 17 anos. Foi muito legal e mais uma vez eu peguei só as rebarbas, por causa da língua. Poderia estar aproveitando um bilhão de vezes mais. Mas fazer o que? Bom, o jantar, mó chique, cheio de nove-horas, entrada, prato principal, sobremesa, vinho tinto e branco, discurso, brinde dinamarquês, que consiste em gritar "RRÁ RRÁ RRÁ", acabou que esticamos a noite nuns outros bares e eu voltei pra casa a pé: 100 minutos, andando sozinho na noite Aarhuense. Mifu. Pelo menos não gastei um centavo. Todo mundo gostava de pagar as coisas pra mim, principalmente o Lars e o Nikols, já citados anteriormente. Gente boa o pessoal.

Bom isso foi o que eu fiz de prático até agora. Mas tem a outra parte. A parte social. Todo mundo aqui, sei lá porque, me trata muito bem. Fiquei até impressionado. Eles também se tratam muito bem, lógico, e não teria porque ser o diferente. Mas acho que realmente superou as expectativas. Todo mundo faz questão de falar que se eu quiser aparecer na sala, ela está sempre de portas abertas e etc. Me dão dicas. Respondem minhas perguntas, me ensinam. E nunca de cara feia. Mas acima de tudo (agora é que são elas) perguntam tudo. Quem eu sou e como eu fui parar ali. O que eu faço no Brasil. O que eu quero fazer no Brasil depois que me formar. O que faz um engenheiro ambiental no Brasil. Que tipo de matéria eu estudei. Se o Brasil tem legislações ambientais, como elas funcionam e porque elas não funcionam, o que se faz a respeito, como é feita a fiscalização das "rainforests" (pra eles, é tudo reainforests), como funciona o sistema político no Brasil, se o Brasil gosta do Hugo Chávez, se eu votei no Lula, o PIB, a taxa de crescimento da população. De que país meus ascendentes vieram, se no Brasil existe segregação social de alguma maneira e etc. E todo mundo que vem falar comigo me pergunta essas coisas. Em suma, na grande maioria não são perguntas que um estudante de engennharia ambiental foi preparado pra responder. Mas claro, são perguntas que qualquer cidadão brasileiro DEVERIA estar preparado pra responder. Eu bem que me esforço para responder da melhor maneira possível, mesmo sem nunca ter saído desse mundinho de estudante. Não quero deixar a impressão de que somos macacos (já que, penso eu, é assim que eles nos vêem), porque realmente não somos. A diferença é que nossos problemas são mais complexos. E é isso que eu tento colocar. Apesar de já ter escutado duas vezes a contra-argumentação "mas é fácil, dá pra fazer".

Finalizando, do ponto de vista técnico, dez. Experiência de vida, cem. É isso aí. Logo posto sobre o sistema ambiental deles aqui, e sobre a burocracia também.

O próximo post vai ser sobre os finais-de-semanas que passei aqui pelo interior da Dinamarca, com ruas cheias de baladas de graça, na companhia de russos e britânicos, mares que se encontram, festas medievais, e Lituanos que acharam que cachaça é água. Bejo pra todo mundo.


Aqui é a fazenda onde eles estavam discutindo em dinamarques quando cai esse raio na minha cabeca. NAsci de novo, cara. E eu lhes asseguro que tinha vááááárias árvores atrás de mim e bem perto. Eu nao pedi pra cair raio em mim, viu?!
Pessoal discutindo em dinamarques sobre os selos verdes. Esse é o jeep da Komune. Mas eu fui numa vanzinha fuleira.
De novo.
Horsens Fjord (Fiorde). Aonde a gente pescou. É só vestir a roupa e entrar 50 metros pra dentro do mar. Daí joga e recolhe até aparecer um Fisk (peixe).



Jakob, Lars (o que trabalha comigo), Lars, Thales. Todo mundo aqui se chama ou Lars, ou Ole, ou Jakob. Já conheci uns tres de cada um, e olha que conheco pouca gente.
Churrasquinho de salchicha na beira do Fiorde. Cerveja pelando, e eles acham bom. A churrasqueira é legal, voce taca fogo, e umas pedras descartaveis ficam em brasa. Só é necessário cuidar do papel alumínio que envolve as pedras. Essas pode-se jogar fora.



Pessoal na palestra do Ole. Todo mundo é da Natur og Miljø. Estamos no porto de Aarhus, que vai bombar daqui uns tempo.


Essa a sala do Lars. E também a minha. Eu fico naquela mesa com esse computa ae. O computa em primeiro plano dele. Salona grande, boa, arejada, iluminada. Vejam o relógio, 15:30. A graaaaaaande maioria já foi embora. Povo folgado esse. (Chegaram nao antes das 8:30).

Esse é o prédio da Aarhus Komune.




E esse é o prédio da Natur og Miljø. Era para estar cehio de carros, mas tirei a foto exatamente naquela hora, 15:30, e a maioria já tinha vazado.



Esse é o Brasao da Komune.

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Impressões sobre a sociedade dinamarquesa: O motorista do busão.

Convenhamos, não é em todo lugar do mundo que você pode falar em inglês com o motorista do busão. Entre estes lugares podemos destacar os EUA, a Inglaterra, a Austrália, a Dinamarca, a Escócia, a... epa, peraí. A Dinamarca?!??!?! Sim, a Dinamarca.

Todos já ouvimos estórias do tipo "na europa todo mundo fala inglês" (o que eu já não sei se isso é verdade), mas você esperaria realmente que o motorista de busão fosse bilíngue? Pois aqui até eles falam inglês. Até agora econtrei apenas uma pessoa que não pudesse falar muito bem o inglês, mas ela ainda mandava várias frases e conseguimos nos comunicar no final das contas. Eu acho isso impressionante. Todo mundo fala o inglês muito bem. TODO MUNDO.
No começo eu até ficava meio sem graça de chegar falando em inglês com o caixa do supermercado, penso que é um desrespeito à cultura do povo local, eu devia pelo menos me esforçar pra falar alguma coisa na língua nativa e tudo o mais. Mas agora já desisti, é inglezão mesmo pra todo mundo e boas. Eu fui aprender a falar cerveja em dinamarquês só ontem, e olha já estou aqui a um pouco mais de uma semana, oras. E eu nem consegui aprender direto. É Ol. Mas deve-se falar como se estivesse chamando o Hugo. É foda. Nada de dinamaquês pra mim.

(A propósito, o motorista de busão é trilingue, porque ele tem que saber o dinamarquês, ele aprendeu o inglês e ainda sabe a língua do país de origem, haja visto que a graaaande maioria deles são imigrantes. É mole?).

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Fim-de-semana em Aarhus.

Saímos de Paris as 23 horas da sexta-feira, 10/08, num ônibus com destino a Londres, onde pegaríamos o avião para Aarhus. A viagem é tranquila, o problema é a imigriação. O pessoal do UK está pegando pesado com Brasileiros. Mas, no final, a mulher só ficou atrasando a nossa viagem, pois pegamos o carimbo e viemos pra Londres. Só vi a cidade de dentro do ônibus, mas me pareceu muito legal.

Pegamos o avião e chegamos a Aarhus. Chegando em casa, o Taus, que mora comigo, havia preparado uma refeição tradicional do natal dinamarquês, que consiste basicamente em batatinhas nórdicas assadas com um molho marrom e doce bom pra caramba, cenoura roxa e uma carne de porco show. Esse prato tem um nome impronunciável que eu nem lembro. Logo após a janta, começou a chegar uma galera doida e cada um trazia uma garrafa de um negócio diferente e todo mundo estava bebendo e então resolvi que era hora de apresentar a pinga pra galera. Eu vim consideravelmente carregado: trouxe 8 garrafas de 350 ml de uma pinguinha até que razoável, trouxe cinco garrafinhas daquelas de plástico da 51 (sacanagem) e ainda uma Sagatiba.

Bom, soltei logo a 51 nos seres, que se interessaram muito. Perguntaram logo como se tomava aquilo, eu falei "shots". Já arrumaram um copo de dose num sei aonde e todo mundo experimentou. As reações foram aqueles "argh", "hurgh" e caras feias como estamos acostumaddos. Mas teve um cara, cujo nome é Ãnus (sim, eu chamo ele de ãnus), que disse que gostou.

Como ninguém mais iria tomar a marvada, a Juliana começou a fazer caipirinha pra galera. Aí sim a galera curtiu. A gente não vencia fazer as caipirinhas que o copo tava logo vazio. Todo mundo falou que eu poderia ficar rico vendendo um drink desses na balada. Até que não é má idéia, hein?

Voltando ao Ãnus. Ele é um cara gigante, tipo Viking mesmo, ele é mais velho, tipo uns trinta e poucos. E o cara gosta de tomar uma, meu. Ele tava tomando um goró que chama Stroh. É uma bebida austríaca feito a base de não-sei-o-que que tem nada mais nada menos que 80% (é, oitenta por cento) de graus GL. Só pinguei a língua no líquido e o bagulho já queimou. Mas ele disse que o normal é tomar com chá e mel. Bem quente. Então, ele já tinha virado meu fã, foi fazer o tal do drinque pra me mostrar. E não é que fica bom mesmo. Ele disse que no inverno daqui é a única coisa que esquenta. Daí ele já tava efervecido pelo momentom, pela bebida tradicional brasileira, pelo Stroh, pelo som que a gent tava fazendo (teve um cara aqui, o Lars, que quis gravar eu tocando gaita com ele no violao!!!! Naum é brincadeira, naum, a Juliana viu) e tudo o mais que ele foi buscar a bebida tradicional dinamarquesa pra eu experimentar, é o tal do Snapsh (é assim que fala, mas não sei se é assim que se escreve). Essa tem graduação alcoólica de 25% e nada demais no gosto. Como forma de gratidão ao seu interesse, dei logo pra ele a garrafa de 51 que sobrou. Huhuahuahauhauh.

No dia seguintee, acordamos e fomos reconhecer o que havia de turístico em Aarhus, que é a cidade que moro agora.

E não é que tomamos um passa-moleque dos dinamarqueses? Fomos nessa tal de praia de Moesgard, chegando lá, pasmem, mó solzão, as meninas que não estavam de biquini estavam de calcinha e sutiã (juro, pode perguntar pra Juliana) e as véia só no topless. E a gent, com camisa do Brasil e tudo, de bota, calça comprida e blusa. É mole?

Depois fomos visitar essa tal de Den Gamle By, que é uma "cidade" reconstruída e simula a vida como ela era do século XVI ao XIV. É legalzinho, ver as casas antigas e tem uns atores passeando pela vila. Mas legal é saber como ela foi construída. O pessoal responsável procurou várias casas antigas em toda a Dinamarca, e literalmente transportou-as para este espaço, transformando-o em uma vila. Mas fora isso, é pra ir uma vez só e chega.

Depois jantamos em um local muito legal que tem aqui. são vários restaurantes à beira do rio (na verdade é um córrego, na Dinamarca tem apenas um único curso dágua que se assemelha a um rio). Engraçado foi depois que a garçonete trouxe os pratos, ela na mesma hora já trouxe a conta. Daí eu fiquei meio sem jeito e paguei. Na mesma hora ela me deu o troco, falou bom apetite e vazou. Pensamos que ela tinha feito isso só porque eramos brasileiros, a essa altura já tinhamos ficado amigos dela, e comecei a reparar que todo mundo pagava a conta antes de começar a comer. Sistema bizarro o deles...

Voltamos pra casa e dormimos cedo porque no dia seguinte seria meu primeiro dia de trabalho. Mas sobre isso eu conto depois. Ficamos ainda juntos pela cidade na segunda-feira e na terça de manhã, dia 14/08, levei a Juliana no aeroporto, onde tivemos um despedida meio que triste, porque afinal de contas vamos ficar mais de três meses sem nos verrmos.

Essa foi minha passagem pela Europa na companhia da minha namorada Juliana. É uma coisa que eu nunca poderia imaginar: passar uma semana com a namorada em Paris e em uma cidade no interior da Dinamarca. Coisa de sonho mesmo. Mas aconteceu e eu estou muito feliz.
Obrigado pela companhia, Juliet, não só por aqui como por aí também. Logo a gente tá perto de novo. Te amo um tantão.




Juliana, Lars, Taus, Sørn e Jacob. Os tres últimos moram comigo. Na mesa, ve-se o porco, o molho dece e marrom, as batatas e a cenoura roxa. Apesar de estar sol, sao quase 21h.




Praia de Møesgård. Mó solzao, as véia só no topless e os brazucas de calca e bota.






Lá na Den Gamle By, na casa do relojoeiro. Altos maquinários interessantes da época do onça.






Outra da Den Gamle By. Eu e o cara do realejo. Conhecido de todos.





E essa é a Tuborg. Tipo a Skolzona dso caras aqui. O riozinho que eu falei tá tras da gente.

terça-feira, 21 de agosto de 2007

Viagem a Paris. (Paris é foda)

Vocês sabem que minha namorada também está na europa. Como íamos ficar muito tempo sem nos vermos combinamos de nos encontrar em um desses países aqui do velho mundo (e lógico, aproveitar uma oportunidade quase única).

Escolhemos um ponto equidistante entre a Escócia, que é onde ela está, e a Dinamarca: França. E não só pelo fato da distância, claro. Paris é Paris até pra quem nunca foi.
É um dos destinos mais visitados do mundo, e milhões de pessoas de todo o mundo não podem estar erradas. Realmente. Paris é foda.

Nos encontramos terça-feira de manhã, 07/08, após passarmos a noite cada um no seu aeroporto, e de cara já andamos 8 Km a pé, carregando malas e tudo o mais, cortando a região central de Paris de oeste a leste, passando por toda a Champs Elysées, Arco do Triunfo, jardins do Louvre e tudo mais até chegarmos a Praça Republique, onde encontramos meu amigo Marcelo lá do Ceará e rumamos a casa dele.
Instalados e de banho tomado, fomos visitar Montmatre, com seus artistas de rua, o Moulin Rouge e os outros cabarés (pelo menos de fora) e a Igreja do Sacré-Coeur. Vinhozinho com queijo numa das mesas da calçada por lá, apreciando a galera correr da chuva e acabou o nosso primeiro dia.

A partir daí, fizemos o que todo turista deve fazer: Torre Eiffel, essa é muito legal (a bicha é grande mesmo, mas é mais legal vê-la de longe do que ficar 4 horas na fila para subir até o último andar, para ver Paris de 280 metros de altura), Museu do Louvre (posso dizer que nos perdemos bem mais que uma vez lá dentro), Centre Pompidou e suas obras de arte (?!?!?!) bizarras e o que eu mais gostei, o Palácio de Versailles. O negócio é gigante. O jardin do bicho tem 90 hectares. Não dá pra imaginar nem pra descrever, tem que ver.

Sim, também nos perdemos pelo Latin Quarter e Galeria Lafayette, só pra ver, claro, e ainda andamos um pouquinho a pé pela cidade.

Mas toda viagem, tem um tomé, e o dessa foi memorável: Nova Schin long neck por 6 euros. Foi na balada, uma tal de FavelaChic, que tocava uns funkão da feiticeira e umas coisas desse naipe. A desculpa é que eu não vou a Paris todo dia... aproveitei, fazer o que???

Mas o legal era estar em Paris com a namorada. A cidade tem esse clima romântico, onde os garçons te tratam por monseiour, tudo é bonito demais e pode-se sentar em um agradável restaurante, escutar uma musiquinha ao vivo, pedir um vinho, uma tábua de queijos apreciar as luzes da cidade e as pessoas e ser apenas mais um casal na multidão. Foi um passeio inesquecível e espero poder fazê-lo outras vezes.

Abraço ao amigão Marcelo e sua namorada Claire, que nos receberam tão bem nesta viagem. Valeu, Ceará.



Arco do triunfo. Essa foto foi engracada. Eu pedi prum japa tira-la, porque um japa sempre sabe mexer em eletronicos, e qual nao foi minha surpresa quando ele pegou minha máquina e deu pra japa que tava do lado dele, para que ELA tirasse a foto. Japones bizarro. É por isso que eu tou rindo ali.



Juliana, Thales, Marcelo e Claire, em Montmatre. Eles sao os hospedeiros!



Esse é o cofrinho da Venus de Milo, lá no Museu do Louvre. Pra tirar foto da teta dela tinha que disputar espaco com os japa então nem fui.



La tour Eiffel. Muito louca.



Ela de novo.



Saint German.

Espetinho de ovelha no Centre Pompidou



Pompidou de novo. Quadro pintado de azul. Mas se ele está numa das mais prestigiadas galerias de arte moderna do mundo, deve ter algum fundamento. A cordinha é pra que todo aquele que ficar com raiva seja impedido de dar uma voadora.

Os jardins do Palácio de Versailles. Foi o passeio que mais gostei. Até onde a vista alcanca é jardin. Sao 90 hectares. E depois vem os jardins da Maria Antonieta, porque ela recebeu uma vila só pra ela... megalomaníacos legais que a Franca tem.

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

O alojamento

Logo que cheguei no alojamento, que a princípio é um monte de construções enfileiradas, às 22:30 (hora local, cinco a mais que no Brasil) da sexa-feira dia 03/08, me aparece um dinamarquês batendo na porta do meu quarto e dizendo que tem festa. Sem aceitar coisas do tipo "acabei de viajar 20 horas, cara", fez questão de me levar na tal de festa, eu e mais a Louisie que tinha me pegado na estação. Bom, a tal de festa era mais uma reunião, onde só tinha homens, o que achei estranho. Tinha uns 6 dinamarqueses e um nigeriano. Foi bom porque de cara já conheci algumas pessoas e também conheci a cerveja barata deles aqui, a Odin (Odin é o tal do deus mais fodão da mitologia nórdica, assunto ensinado nas escolas e passado de pai pra filho. Até escutei várias histórias desses camaradas em minhas conversas com o pessoal daqui. Depois conto).

Bom, eu moro num apartamentão, onde há 12 quartos individuais, com pia, armário, cama, telefone e varanda. Normal, sem luxo.

Há quatro banheiros completos que devem ser divididos a cada 3 quartos. Depois temos uma salona grande, com TV e DVD e mesa e tudo o mais e uma cozinha, também grande, com dois fogões, uma geladeirinha pra cada 2 quartos, armários individuais, etc. A distribuição espacial é muito boa. Atualmente, somos 7 aqui. Tem o doidão que me levou pra festa no primeiro dia, que é com quem eu mais converso. Tem um cara mais velho, tipo uns 50 anos, que veio passar uns dez dias pra cuidar do cachorro de um outro morador (sim, temos um cachorro, Beldar, que é o nome de outro deus nórdico, depois conto a história dele), depois tem o cabeludo que toca violão, tem uma garota que estuda astronomia e toca cello. Tem um outro que é todo educado e estuda arqueologia e um nigeriano que faz um Master em administração.

O pessoal é gente boa. Sinceramente, até agora não conheci nenhum daqueles europeus esterotipados que a gente ouve falar, "cara de sério, fechadão". Considero todo mundo aqui normal do ponto de vista social, aberto a conversas, a piadas e etc. E é legal porque sempre tem alguém na sala ou na cozinha pra conversar. Eles falam muito bem o inglês. Tem vezes que é ate difícil entender, porque eles realmente têm o sotaque fluente e tudo o mais. Menos o nigeriano, esse aí eu não entendo nada do que ele fala.




Esse é meu quarto. Diboassa.

Taus, eu e Beldar na salona de "conferências".

terça-feira, 14 de agosto de 2007

Bom, contando a todos o que aconteceu desde que eu cheguei ao Velho Mundo:

Primeiro, cheguei no aeroporto de Madrid dia 03/08, chamado Barajas, eu não sei se ele é grande como eu penso, mas eu aterrisei as 10:35, o vôo para Copenhagen era as 12:05 e eu quase perdi. É um tal de subir e descer escada rolante, entrar e sair de metrôs privativos da companhia aérea, entrar e sair de elevador e correr sobre esteiras rolantes que acabou que eu demorei quase uma hora e meia só para chegar no embarque da conexão. Não deu pra ver nada lá.

A imigração, essa foi foda. A mulher, que quando eu me aproximei sorriu, na hora de dar tchau nem olhou na minha cara. Pudera, ela já devia estar cansada disso: ela olhava a foto do meu passaporte e olhava pra mim, daí olhava a foto do meu visto e olhava pra mim, daí ela olhava a foto do meu visto e olhava foto do meu passaporte e depois olhava pra foto do visto e depois pra mim de novo, e ela continuou fazendo todas as combinações possíveis entre as duas fotos e a minha cara para conferir se era eu mesmo, me deu o carimbo e me mandou embora.

Daí cheguei em Copenhaguen, foi quando fui mais menino até agora. Na realidade eu fui muito menino. O aviâo pousou, fiquei por ali no duty free, até aí tudo normal, peguei minha mala sem problemas, porém na hora de sair do aeroporto, tinha tres filas: Nada a declarar para a União Europeia, Nada a declarar fora da UE, e coisas a declarar. Eu, todo querendo ser espertinho, entrei no nada a declarar da UE, bati de frente com um camarada de farda, daí amarelei, fui meninão e me dirigi a ele dizendo que não sabia se precisava declarar alguma coisa. Ele todo querendo me despachar logo, ainda fingiu que tava trabalhando e perguntou o que eu tinha. ``roupas e presentes do Brasil``, ``que tipo de presentes?``, ``bebidas``, ``que tiopo de bebidas?``, ``cachaça``. Então, como se ele soubesse o que é isso, colocou minha mala no raio-x e falou que normalmente eu teria que pagar, mas ele me liberaria desta vez. Pior que fui ver que os 3 corredores dão todos no mesmo lugar. Tudo que eu prercisava fazer era ficar de bico calado e continuar andando. Bom, pelo menos eu descobri que na Dinamarca também existe o famoso ``jeitinho``.

Consegui trocar dinheiro e ligar pra Louise, que era meu contato, sem graaaandes problemas, fora o fato de que me senti um macaco, porque apesar de 100% das pessoas que eu conheci aqui falarem inglês fluente, a língua oficial continua sendo o dinamarquês, ou seja tudo está em dinamarquês. Mas eu superei isso e tem um capítulo especial sobre a língua, que virá mais a frente.

A viagem de trem de Copenhagen até Aarhus foi tranquila, mas eu já tava de saco cheio de viajar, e ela demorou umas 4 horas. O veio chabi que tava na minha frente (ele tava de tamanco, muita gent usa esse tal de tamanco) começou a me perguntar uns negócio na língua deles aqui. Quer dizer, se eu ficar calado e parar de tirar fotos, acho que passo por um nativo.
Depois conto mais. Abraços.